Menu principal:
Em outubro de 1983 foi lançado nas dependências da OAB-DF meu livro "O Microcomputador no Escritório - Modernização da Advocacia", impresso pela Editora e Gráfica JARBEX (DF).
A edição, sua única tiragem, esgotou-se rapidamente. Isso não impediu que a obra, embora destinada aos colegas advogados, integrasse a bibliografia básica dos cursos de graduação em Administração, como referenciado pelo MEC e pelo Conselho Federal de Administração (http://www.mec.gov.br/sesu/ftp/curdiretriz/administ/ad_bibl.doc, acesso em set/04; http://www.cfa.org.br/html/f_prof/bibl_bfbi.html, acesso em set/04).
Os avanços da tecnologia, havidos desde então (1983), influenciaram a sociedade como um todo, mudando a vida dos cidadãos, seus procedimentos e aqueles das empresas e profissionais em geral. Disseminou-se o uso da tecnologia, inclusive entre os advogados e magistrados, escritórios e tribunais.
A revolução da Internet foi o evento mais significativo.
Em 1983, imperavam os micros de 8 bits, lançados em série nos Estados Unidos pela Apple e Radio Shack, em 1977. A IBM tinha acabado de iniciar a geração de 16 bits, entrando no mercado de microcomputadores, em 1981, com o seu IBM-PC (Personal Computer).
Os processadores evoluíram rapidamente. No mundo de hardware, pululam agora os notebooks, netbooks, pocket computers ou PDAs ("Short for personal digital assistant, a handheld device that combines computing, telephone/fax, Internet and networking features. A typical PDA can function as a cellular phone, fax sender, Web browser and personal organizer. Unlike portable computers, most PDAs began as pen-based, using a stylus rather than a keyboard for input. This means that they also incorporated handwriting recognition features. Some PDAs can also react to voice input by using voice recognition technologies. PDAs of today are available in either a stylus or keyboard version. Apple Computer, which introduced the Newton Message Pad in 1993, was one of the first companies to offer PDAs. Shortly thereafter, several other manufacturers offered similar products. Today, one of the most popular brands of PDAs is the series of Palm Pilots from Palm, Inc. PDAs are also called palmtops, hand-held computers and pocket computers" - http://www.webopedia.com/TERM/P/PDA.html, acesso em jan/2013), UMPCs ("UMPC is an acronym for ‘Ultra-Mobile Personal Computer’. A UMPC device is a small form factor personal computer that meets minimum specifications set ... by a group of manufacturers including Intel and Microsoft. They are small enough to be carried in a briefcase, bag or even a pocket, and are designed to be sufficiently powerful and versatile to be able to run a full version of most common operating systems. Physically a UMPC device is larger than a PDA but smaller than a tablet PC" - http://www.pctechguide.com/pdas-and-other-handhelds/guide-to-umpcs-ultra-mobile-personal-computers, acesso em jan/2013), os smartphones, iPads e tablets ("um dispositivo pessoal em formato de prancheta que pode ser usado para acesso à Internet, organização pessoal, visualização de fotos, vídeos, leitura de livros, jornais e revistas e para entretenimento com jogos. Apresenta uma tela sensível ao toque ... que é o dispositivo de entrada principal. A ponta dos dedos ou uma caneta aciona suas funcionalidades. É um novo conceito: não deve ser igualado a um computador completo ou um smartphone, embora possua funcionalidades de ambos... A popularização deste tipo de computador começou a se dar com o lançamento do iPad pela Apple Inc. - que já havia sido responsável pela difusão dos lt MP3 Players e Smartphones com o iPod e o lt iPhone - em janeiro de 2010, que inspirado no sucesso dos Smartphones, utilizava uma tela sensível ao toque dos dedos, dispensando canetas especiais, e um Sistema Operacional diferente do utilizado nos computadores comuns operados por mouse e teclado. Após o enorme sucesso do iPad, outras fabricantes passaram a desenvolver Tablets com recursos semelhantes utilizando principalmente o sistema operacional Android da Google, embora na época o sistema ainda não oferecesse renderização otimizada para Tablets, já que havia sido desenvolvido para funcionar apenas em Smartphones. O Samsung (Galaxy Tab) foi um dos primeiros competidores a apresentar recursos semelhantes utilizando o sistema Android ainda não otimizado para Tablets. Uma nova versão do sistema operacional da Google foi lançada em 2011 para suprir a necessidade de otimização para Tablets; apelidada de Honeycomb, a versão 3.0 do Android foi feita especialmente para Tablets, e com ela surgiu uma nova leva de produtos competidores, agora com maior capacidade de enfrentar o iPad"- http://pt.wikipedia.org/wiki/Tablet -acesso em jan/2013).
O mesmo ocorreu com os sistemas operacionais, desde o antigo DOS até as mais recentes versões do Windows, Linux, Unix, Android, etc.
Se o disquete de 3½ polegadas, também conhecido como disco flexível (floppy disk), podia armazenar 1,44 MB (megabytes), agora um CD (Compact Disc) tem capacidade de arquivar até 700 MB, um DVD (Digital Versatile Disc ou Digital Video Disc), mais de 5 GB (gigabytes), e já estão em uso discos rígidos (hard disks) com centenas de GB.
O boletim especial da SEI (Secretaria Especial de Informática, vinculada ao Conselho de Segurança Nacional) informava em 1983 a existência de cerca de 70 fornecedores de computadores no Brasil e de 14.249 equipamentos instalados no País, dos mais variados portes.
Treze anos depois, em 1996, em sua Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), o IBGE detectava a existência de 7,8 microcomputadores para cada 100 famílias no Brasil (família com média de 3,9 pessoas).
No ano seguinte, 1997, atingia a casa de 5 milhões o número de computadores instalados e em atividade no mercado brasileiro, segundo estudo "Informática no Brasil: Fatos e Números", de Rui Campos (1998).
Em 2003, para uma população estimada pelo IBGE em 176.876.443 habitantes, havia no País, segundo o IBOPE, 20.5 milhões de pessoas conectadas à Internet. Conforme a UIT, o número total de PCs no Brasil, nesse ano, representava 54,6% de todos aqueles instalados na América do Sul, 37,8% daqueles da América Latina, 5,4% daqueles das Américas e 2,2% do total mundial.
Em 2004 o Brasil era classificado em 8º lugar no mundo em número de residências conectadas à Internet (segundo pesquisa do instituto norte-americano Nielsen Ratings).
Se em 1983 não chegava a uma centena o número de advogados brasileiros que usavam o microcomputador em seus escritórios, pouco mais de uma década depois, em 1996, 84% desses profissionais usavam computador (40% tinham computador apenas em seu escritório; 35% tinham computador em casa e no escritório; 9% tinham computador apenas em casa), conforme pesquisa nacional por amostragem sobre o perfil do advogado, patrocinada pelo Conselho Federal da OAB e executada pelo Instituto Vox Populi.
Analisando os resultados dessa Pesquisa, Paulo Luiz Netto Lôbo, em artigo intitulado "Educação e advocacia no terceiro milênio" (in Jus Navigandi, Teresina, a. 3, n. 35, out. 1999. Disponível em:
<http://www1.jus.com.br/doutrina/texto.asp?id=297>. Acesso em: 03 set. 2004), mostrava como foi impressionante, em uma década, o avanço da tecnologia de ponta numa profissão das mais antigas e conservadoras; como o modem, o fax e a Internet simplificaram a comunicação dos advogados entre si, com seus clientes e com o aparato judiciário; como a informatização do trabalho profissional provocou verdadeira revolução nos escritórios de advocacia – tudo com ganho de tempo e ganho final para os cidadãos, que alimentam as possibilidades de melhor e mais pronta administração da justiça e da defesa de seus interesses. Na conclusão de seu trabalho, ressaltou que o profissional da advocacia não pode mais conter-se no modelo para que tendia o ensino jurídico das últimas décadas, já que dele são exigidas versatilidade, formação humanista e teórica sólida, aptidão para entender as mudanças sociais, políticas e econômicas, para o que o estrito conhecimento do direito positivo é insuficiente: "a formação interdisciplinar é imprescindível. O conhecimento sai cada vez mais de seus casulos epistemológicos e entrelaça-se com o que se produz em outros campos".
Tudo caminhou no sentido de confirmar o que antevíamos em 1983, quando da primeira edição, que aqui repetimos:
"Em resumo, o postulado básico desta obra é o de que a modernização da advocacia se constrói sobre o tripé DIREITO, ADMINISTRAÇÃO e INFORMÁTICA, aliados poderosos e indispensáveis para a adaptação do advogado a um mundo de velozes mudanças e processos tecnológicos sempre mais disponíveis e necessários".
Os textos que seguem, sobre Administração da Informação no Escritório de Advocacia, Tempo e Custo, Automação do Escritório, Informática Jurídica, Informações Judiciais e sobre Planejamento, foram extraídos, atualizados, resumidos e adaptados de capítulos do livro mencionado. Esperamos que sejam de utilidade.